junho 24, 2025

Com saída de Lupi, Lula acumula 11 trocas ministeriais em dois anos de governo.

Previdência entra em crise após escândalo no INSS; prejuízo estimado é de R$ 6,3 bilhões e pressiona por mudanças na Esplanada.


A demissão de Carlos Lupi do Ministério da Previdência Social, confirmada nesta semana após o agravamento das investigações sobre fraudes no INSS, elevou para 11 o número de ministros substituídos desde o início do governo Lula, em janeiro de 2023. A saída acontece em meio a uma das maiores crises administrativas enfrentadas pela atual gestão, com impactos financeiros bilionários e forte desgaste institucional.

Lupi, que presidia licenciado o PDT, ocupava a pasta desde a posse do presidente e foi o responsável por comandar uma das áreas mais sensíveis da administração pública: o sistema de seguridade social. Sua saída foi precipitada pela revelação de fraudes que teriam causado prejuízos de até R$ 6,3 bilhões ao erário, segundo estimativas de órgãos de controle.

As investigações apontam para um esquema de concessão irregular de benefícios previdenciários, envolvendo servidores públicos e intermediários externos. Entre os principais problemas identificados estão aposentadorias concedidas sem documentação adequada, pensões falsas e manipulação de dados cadastrais.

Com a queda de Lupi, o governo nomeou o então secretário-executivo da pasta, Wolney Queiroz, como novo ministro. A mudança tem caráter emergencial e visa evitar um vácuo de comando em um momento de grande instabilidade. Queiroz terá a missão de restaurar a confiança no INSS e implementar medidas de correção e prevenção de novas irregularidades.

A substituição reacende o debate sobre a estabilidade da equipe ministerial do presidente Lula. Com 11 trocas em 28 meses de governo, a média de mudança é superior a uma por trimestre. A maioria das alterações ocorreu por motivos políticos ou de desempenho, mas o caso da Previdência marca a primeira queda provocada diretamente por um escândalo administrativo de grande porte.

O Palácio do Planalto busca conter o desgaste e tem orientado os ministros a reforçarem os mecanismos de controle interno em suas pastas. A Controladoria-Geral da União (CGU) e o Tribunal de Contas da União (TCU) também foram mobilizados para ampliar a fiscalização preventiva nas áreas mais expostas.

Apesar das turbulências, integrantes do núcleo político do governo defendem que a troca de ministros, quando necessária, faz parte da dinâmica democrática. “É melhor substituir do que insistir no erro. O presidente tem sido firme quando surgem sinais de falhas graves”, disse um assessor da Casa Civil sob reserva.

A oposição, no entanto, tem explorado o caso como sinal de fragilidade da gestão federal. Líderes partidários cobram explicações públicas do presidente e ameaçam convocar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar a responsabilidade política sobre as fraudes no INSS.

Além da Previdência, outras pastas que passaram por troca de comando incluem Turismo, Justiça, Esportes, Desenvolvimento Social e Saúde. Em alguns casos, as mudanças também refletiram negociações para acomodar aliados no segundo escalão e ampliar a base parlamentar.

Com o caso Lupi, o governo enfrenta agora o desafio de combinar resposta institucional às irregularidades com estabilidade política. A forma como o Planalto conduz essa correção de rumo será determinante para a credibilidade do Executivo nos meses que antecedem as eleições municipais.