No Dia do Oceanógrafo, celebrado em 8 de junho, profissão ganha destaque na gestão dos recursos marinhos, no combate às mudanças climáticas e na proteção da vida oceânica.
Em 8 de junho, quando também se celebra o Dia Mundial dos Oceanos, o Brasil homenageia uma das profissões mais estratégicas para o futuro do planeta: o oceanógrafo. Mais do que cientistas do mar, esses profissionais atuam diretamente na gestão ambiental dos recursos costeiros e oceânicos, com impactos diretos na economia, no clima, na biodiversidade e na qualidade de vida das populações humanas.
O Dia do Oceanógrafo é uma oportunidade para destacar o papel essencial desses especialistas em um cenário global que exige gestão integrada e sustentável dos oceanos. Estima-se que mais de 70% da superfície terrestre seja composta por mares e oceanos, que regulam o clima, produzem oxigênio, alimentam bilhões de pessoas e sustentam cadeias produtivas vitais.
Oceanógrafos atuam em diferentes frentes: pesquisas científicas, políticas públicas, gestão costeira, planejamento urbano em áreas litorâneas, análise de impacto ambiental, pesca sustentável, energia renovável (como a eólica offshore), monitoramento climático e proteção de ecossistemas marinhos. É uma profissão multidisciplinar que exige conhecimento técnico e visão estratégica.
No Brasil, com seus mais de 7 mil quilômetros de costa, a presença do oceanógrafo é fundamental. Desde projetos de dragagem em portos, até o licenciamento ambiental de empreendimentos litorâneos, a atuação desses profissionais garante que o desenvolvimento ocorra com responsabilidade e segurança ambiental.
Além disso, o oceanógrafo contribui para a prevenção e resposta a desastres ambientais, como derramamentos de óleo, erosão costeira e eventos extremos. Sua atuação fornece subsídios técnicos para que gestores públicos e privados tomem decisões baseadas em dados confiáveis e previsões precisas.
Em um cenário de mudanças climáticas, os oceanógrafos se tornaram protagonistas. São eles que analisam a acidificação dos oceanos, o aumento do nível do mar, o branqueamento de corais e as alterações nas correntes marítimas. Esses estudos são cruciais para a formulação de políticas climáticas eficazes em nível nacional e internacional.
Na área de gestão pesqueira, os oceanógrafos ajudam a equilibrar a preservação dos estoques naturais com o sustento de comunidades tradicionais. A definição de cotas, épocas de defeso e áreas de preservação depende da coleta e análise dos dados oceanográficos e biológicos.
As tecnologias aplicadas à oceanografia evoluíram rapidamente nas últimas décadas. Satélites, sensores oceânicos, drones aquáticos e modelagens matemáticas de circulação marítima são ferramentas que ajudam na previsão de tempestades, na detecção de zonas mortas e no planejamento de rotas comerciais e de segurança marítima.
Universidades, centros de pesquisa e órgãos governamentais, como a Marinha do Brasil, o Ibama e institutos ambientais estaduais, empregam oceanógrafos em projetos estratégicos de monitoramento costeiro e conservação marinha. Sua presença é cada vez mais valorizada em equipes multidisciplinares voltadas à governança ambiental.
No setor privado, empresas de petróleo e gás, energia, turismo, aquicultura e logística marítima contratam oceanógrafos para garantir a conformidade legal, ambiental e técnica de suas operações. A atuação desse profissional reduz riscos, evita sanções e melhora a imagem institucional frente aos critérios ESG (ambiental, social e governança).
A educação ambiental também é um campo crescente, no qual oceanógrafos atuam com projetos de sensibilização sobre a importância dos mares e oceanos para a vida no planeta. O trabalho com escolas, comunidades litorâneas e políticas públicas de conscientização fortalece a cidadania ecológica.
A formação de oceanógrafos exige comprometimento com ciência, ética e sustentabilidade. Cursos de graduação e pós-graduação têm incentivado o desenvolvimento de competências em gestão ambiental, análise de dados, comunicação científica e tomada de decisão baseada em evidências.
Em 2025, durante a Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável (2021–2030), promovida pela ONU, os oceanógrafos brasileiros têm se engajado em projetos que integram conhecimento tradicional, inovação tecnológica e políticas públicas, buscando soluções reais para os desafios que ameaçam os oceanos.
O Dia do Oceanógrafo também nos convida a repensar o modelo de desenvolvimento costeiro do país. Portos, indústrias, condomínios e áreas turísticas precisam de planejamento sustentável. A falta de gestão pode comprometer ecossistemas inteiros e, consequentemente, a segurança econômica e alimentar da população.
Por trás de cada alerta de maré alta, cada projeto de recife artificial, cada zoneamento ecológico-costeiro e cada plano de recuperação de manguezais, existe a atuação de um oceanógrafo comprometido com a vida em todas as suas formas. É hora de reconhecer e valorizar quem cuida do azul que cobre o mundo.