junho 24, 2025

Amazônia à Beira do Colapso: Relatório Aponta Risco Irreversível de Degradação.

MapBiomas alerta para proximidade do ponto de não retorno da floresta; cenário exige ação coordenada entre governos, empresas e sociedade na gestão ambiental.

A Floresta Amazônica está perigosamente próxima de atingir o chamado “ponto de não retorno”, quando o processo de degradação se torna irreversível, alerta um novo relatório da rede MapBiomas. O estudo aponta que queimadas, secas extremas e avanço do desmatamento, acelerados pelas mudanças climáticas, podem transformar a maior floresta tropical do mundo em savana nos próximos anos.

O alerta traz implicações sérias não apenas para o meio ambiente, mas para a gestão estratégica do país, com impactos diretos na segurança hídrica, energética, alimentar e até mesmo na estabilidade econômica.

A crescente perda de cobertura vegetal altera o equilíbrio do ciclo das chuvas, o que compromete a agricultura, afeta hidrelétricas e torna mais frequentes eventos climáticos extremos, como enchentes e estiagens severas. A Amazônia, considerada um regulador climático global, é vital para a estabilidade dos ecossistemas.

No contexto de gestão pública e corporativa, o cenário exige novas abordagens. As políticas ambientais não podem mais ser tratadas como temas isolados: elas devem ser incorporadas aos planos de desenvolvimento, estratégias de risco e compliance socioambiental.

A gestão territorial, inclusive, precisa considerar as vulnerabilidades regionais. Estados da região Norte têm enfrentado gargalos históricos de infraestrutura, fiscalização e investimento sustentável. Sem ação coordenada, a degradação ambiental se torna também um problema de governança.

O MapBiomas destaca que a degradação não vem apenas do desmatamento legal e ilegal. A fragmentação da floresta por obras, queimadas recorrentes e o uso insustentável do solo agravam um ciclo de retroalimentação que pode tornar impossível a recuperação natural da vegetação.

Empresas que atuam na região também são chamadas à responsabilidade. A adoção de práticas ESG (Ambiental, Social e Governança) não pode ser apenas um discurso; ela precisa ser refletida em cadeias produtivas rastreáveis, preservação de reservas legais e parcerias com comunidades locais.

A falta de coordenação entre entes federativos e órgãos de fiscalização contribui para o avanço da degradação. Relatórios anteriores já indicavam que, mesmo com queda nas taxas oficiais de desmatamento, a floresta continua a perder vitalidade por ações fragmentadas e falta de continuidade nas políticas públicas.

O estudo acende um alerta para investidores e instituições financeiras, que cada vez mais levam em conta riscos ambientais em suas análises. A perda da Amazônia representa, também, um risco reputacional e financeiro para o país.

Além disso, os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, como os do Acordo de Paris e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), dependem diretamente da preservação da Amazônia para serem cumpridos.

Do ponto de vista de gestão climática, o risco de colapso da floresta exige integração entre áreas de meio ambiente, planejamento, ciência e tecnologia. Investir em monitoramento por satélite, inteligência artificial e dados georreferenciados pode auxiliar na tomada de decisões mais eficazes.

O relatório recomenda ainda o fortalecimento de políticas de reflorestamento, pagamento por serviços ambientais e incentivo à bioeconomia, promovendo uma floresta em pé com valor econômico sustentável.

Para especialistas em governança, o maior desafio está em transformar esses alertas em ação prática. O tempo está se esgotando, e a inação custa caro — em vidas, biodiversidade, oportunidades econômicas e reputação internacional.

Se o ponto de não retorno for alcançado, os danos serão permanentes, com consequências que extrapolam fronteiras. A Amazônia é um ativo estratégico global, e sua preservação deve ser prioridade de Estado e de empresas comprometidas com o futuro.

A gestão ambiental precisa sair do papel e se tornar transversal nas decisões públicas e privadas. Proteger a Amazônia não é mais uma opção: é uma questão de sobrevivência e liderança no século XXI.