Ministro deixa o cargo após escândalo de fraudes no órgão; número 2 da pasta, Wolney Queiroz, assume em meio à pressão por reformas e transparência.
O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, deixou o cargo nesta semana após a intensificação da crise provocada pelas denúncias de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), órgão que integra a estrutura do ministério. A decisão foi tomada após semanas de pressão política e institucional, especialmente após a deflagração de operações da Polícia Federal que apontaram irregularidades milionárias na concessão de benefícios.
Lupi, que também é presidente licenciado do PDT, estava à frente da pasta desde o início do atual governo, há dois anos e quatro meses. Sua saída marca a primeira baixa de peso no núcleo original de ministros do presidente da República, em meio a um escândalo que ameaça afetar a credibilidade da máquina pública e desgastar ainda mais a relação do Executivo com o Congresso.
Para seu lugar, foi confirmado Wolney Queiroz (PDT-PE), que até então ocupava a secretaria-executiva do ministério. Com forte articulação interna e bom trânsito entre parlamentares, Queiroz assume a pasta em um momento delicado, com a missão de acelerar medidas de controle interno e retomar a confiança da população nos serviços da Previdência.
As investigações em curso apontam a existência de um esquema estruturado de fraudes no INSS, com participação de servidores públicos e intermediários externos. Entre as irregularidades identificadas estão concessões indevidas de aposentadorias, pensões e auxílios com base em documentos falsos ou processos manipulados.
Fontes ligadas ao Palácio do Planalto afirmam que Lupi perdeu força após sucessivos relatórios da Controladoria-Geral da União (CGU) e do Tribunal de Contas da União (TCU) indicarem falhas de supervisão e ausência de mecanismos eficazes de prevenção a fraudes. A situação se agravou com a repercussão negativa na imprensa e entre parlamentares da base aliada.
A troca no comando da Previdência tem impactos diretos na agenda política do governo. Além da resposta às fraudes, o novo ministro deve conduzir discussões sobre a modernização do INSS, digitalização de serviços e revisão de critérios para concessão de benefícios — temas que ganharam ainda mais urgência após o escândalo.
Apesar de sua saída sob pressão, Lupi agradeceu ao presidente pela confiança e afirmou, em nota oficial, que “fez o possível para fortalecer a Previdência Social”. O ex-ministro não comentou diretamente as investigações, mas aliados afirmam que ele se sentiu “politicamente isolado” nos últimos meses.
Para conter a crise, o novo ministro Wolney Queiroz já anunciou que irá montar uma força-tarefa para revisar todos os processos investigados e prometeu transparência total nas apurações. Ele também articula com o Ministério da Gestão e Inovação um pacote de medidas para melhorar os controles internos do INSS.
Paralelamente, o Congresso pressiona por explicações e cobra mais agilidade no combate às fraudes. A oposição pede uma CPI para apurar as responsabilidades no caso, enquanto líderes governistas tentam conter danos e evitar novos desgastes em outras áreas sensíveis do Executivo.
A saída de Lupi acende o alerta no governo e reforça a percepção de que falhas de gestão, mesmo em áreas técnicas, podem ter consequências políticas diretas. Resta saber se a troca no ministério será suficiente para estancar a crise — ou se ela ainda reserva novos desdobramentos.