junho 25, 2025

Empresa organizadora do Rock in Rio é incluída na “lista suja” do trabalho escravo; gestão do evento sob forte pressão.

Implicações éticas e de governança colocam em xeque a reputação do festival e evidenciam desafios na gestão de grandes eventos no Brasil.

A empresa responsável pela organização do Rock in Rio, um dos maiores festivais de música do mundo, foi recentemente incluída na chamada “lista suja” do trabalho escravo pelo Ministério do Trabalho. A notícia repercutiu fortemente no mercado e levantou graves questionamentos sobre a gestão do evento e seus parceiros.

A “lista suja” é um registro oficial que reúne empresas e empregadores flagrados em situações que configuram trabalho escravo ou condições degradantes de trabalho, e sua inclusão traz consequências legais e reputacionais importantes.

Para um evento de grande porte como o Rock in Rio, que mobiliza milhares de profissionais, fornecedores e parceiros, a ocorrência de práticas irregulares reflete falhas graves na governança, no compliance e no controle das cadeias produtivas.

Especialistas em gestão destacam que a responsabilidade pela fiscalização das condições de trabalho não pode ficar restrita a órgãos públicos, mas deve ser uma prioridade para a organização do evento, que precisa garantir fornecedores e colaboradores alinhados a valores éticos e legais.

“O risco reputacional é enorme e pode comprometer a confiança do público, patrocinadores e investidores”, alerta Maria Helena Costa, consultora em governança corporativa e sustentabilidade.

Além dos impactos imediatos, como multas e restrições legais, a presença na lista suja afeta a capacidade da empresa de firmar contratos públicos e privados, além de dificultar o acesso a linhas de crédito e financiamentos.

A gestão do Rock in Rio agora enfrenta o desafio de implementar medidas urgentes para corrigir essas falhas, como auditorias independentes, revisão dos processos de seleção de fornecedores e treinamentos em direitos trabalhistas.

Para muitos especialistas, o caso evidencia a importância da responsabilidade social corporativa como elemento estratégico da gestão em grandes eventos, que deve ir além do cumprimento básico da lei.

Outra dimensão importante é o engajamento com stakeholders, incluindo funcionários, sindicatos, clientes e sociedade civil, para promover transparência e garantir a conformidade ética.

A falta de rigor na fiscalização pode gerar consequências legais não apenas para a empresa, mas também para os diretores e gestores responsáveis, reforçando a necessidade de uma governança robusta.

Em tempos em que consumidores valorizam cada vez mais empresas socialmente responsáveis, o episódio pode impactar negativamente a marca Rock in Rio, que historicamente investiu em ações sociais e ambientais.

“Gerenciar um evento dessa magnitude exige uma governança eficiente, que considere todos os elos da cadeia de valor, especialmente em questões sensíveis como direitos humanos e condições de trabalho”, afirma Paulo Ribeiro, especialista em gestão de riscos.

O episódio também serve como alerta para o setor de eventos no Brasil, que cresce rapidamente e precisa adotar práticas de compliance mais rigorosas para evitar problemas semelhantes.

Nos últimos anos, a pressão por sustentabilidade e ética nos negócios tem aumentado, e grandes organizações são cobradas por práticas que garantam respeito aos direitos trabalhistas em todos os níveis.

Para recuperar a confiança, a empresa responsável pelo Rock in Rio deve apresentar um plano de ação claro, com prazos e metas, além de envolver órgãos reguladores e entidades independentes no monitoramento.

A transparência será fundamental para amenizar os danos e mostrar ao mercado que a gestão do festival está comprometida com a ética e a responsabilidade social.

O caso também destaca a importância da educação e capacitação dos gestores para lidar com questões complexas de compliance e governança em ambientes desafiadores.

No cenário atual, o público e o mercado esperam que eventos culturais e esportivos sejam exemplos não apenas de entretenimento, mas também de gestão responsável e sustentável.

O episódio envolvendo o Rock in Rio é um chamado para uma revisão urgente dos processos internos e da cultura organizacional, com foco em valores que protejam os direitos humanos e fortaleçam a credibilidade da marca.