Líder da Comissão de Orçamento reage com dureza à defesa do ministro por manutenção do IOF, e reacende debate sobre eficiência da máquina pública e controle de gastos.
Em um dos momentos mais tensos da crise envolvendo o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Comissão Mista de Orçamento do Congresso, fez um duro pronunciamento contra o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A declaração repercutiu fortemente em Brasília e no setor produtivo.
“O Brasil não precisa de mais imposto. Precisa de menos desperdício”, afirmou Motta, ao criticar a proposta de Haddad de manter a cobrança do IOF como forma de compensar perdas na arrecadação. A fala foi vista como um recado direto à equipe econômica, que tem insistido na manutenção de tributos como forma de equilibrar as contas públicas.
A gestão fiscal voltou ao centro do debate político, com líderes do Congresso demonstrando crescente resistência ao aumento ou prorrogação de impostos. Para Motta e outros parlamentares, a saída está na melhoria da eficiência da máquina pública e na revisão de gastos, não na ampliação da carga tributária.
A fala do deputado foi feita durante reunião da comissão, e ganhou apoio imediato de integrantes da bancada do agronegócio e do setor empresarial. O argumento principal é que o contribuinte brasileiro já lida com uma das maiores cargas tributárias do mundo e não pode ser penalizado por falhas históricas de gestão pública.
Fernando Haddad, por sua vez, defendeu que a manutenção temporária do IOF é necessária para garantir recursos vinculados a programas sociais e compensações no novo modelo tributário em discussão. No entanto, enfrenta crescente desgaste político entre parlamentares da base e da oposição.
O embate evidencia uma disputa mais ampla entre duas visões de gestão: de um lado, o governo que busca manter receitas para bancar compromissos sociais; do outro, o Congresso pressionando por corte de gastos e revisão da estrutura administrativa.
Especialistas em gestão pública apontam que esse tipo de conflito é sintoma de um Estado inchado e com baixa capacidade de entrega. O desafio atual está em equilibrar as finanças sem comprometer os investimentos e sem sacrificar o contribuinte.
Para Hugo Motta, o momento exige coragem para reestruturar a administração pública, cortando privilégios, revendo contratos ineficientes e combatendo o desperdício institucionalizado em diferentes esferas da União.
A crise do IOF também reacende o debate sobre a transparência na destinação dos recursos arrecadados com o imposto. Parlamentares cobram que o Executivo apresente dados mais claros sobre os impactos e justificativas da manutenção da alíquota.
O setor produtivo também reagiu mal à possibilidade de prorrogação. Entidades da indústria, comércio e serviços argumentam que qualquer aumento ou manutenção de impostos compromete investimentos, geração de empregos e previsibilidade econômica.
Com a aproximação de votações decisivas na Comissão de Orçamento e no plenário da Câmara, cresce a articulação para derrubar eventuais medidas do governo que impliquem aumento de tributos.
Além do aspecto técnico, a gestão da comunicação política em torno do tema será decisiva. A equipe de Haddad já trabalha para reduzir o desgaste e evitar que a narrativa de aumento de impostos ganhe força entre os eleitores e investidores.
A fala de Motta, firme e direta, posiciona o parlamentar como uma das principais vozes do Congresso na cobrança por responsabilidade fiscal baseada em eficiência, não em arrecadação adicional.
A disputa promete se intensificar nas próximas semanas, com o IOF tornando-se símbolo de uma discussão mais ampla: qual Brasil queremos — um país que gasta melhor ou que cobra mais?
Para analistas políticos, o episódio marca uma virada na relação entre Congresso e governo, mostrando que a agenda da eficiência e da boa gestão ganhou protagonismo e pode influenciar os rumos do segundo semestre legislativo.